Thursday, September 29, 2011

"Há três coisas na vida que nunca voltam atrás - a flecha lançada, a palavra pronunciada e a oportunidade perdida."

Estes dias têm sido dias complicados. Emocionalmente, tenho me encontrado em condições adversas, tentando compreender comportamentos, meus e de outras pessoas, para que julgamentos não sejam feitos, muito menos de forma leviana.

Tenho evitado escrever para que meus impulsos, minhas ânsias não me façam vomitar palavras que podem não expressar o que realmente sinto. Pois, como diz o ditado :

_ "Há três coisas na vida que nunca voltam atrás - a flecha lançada, a palavra pronunciada e a oportunidade perdida."

No entanto, o assunto "escolhas" tem sido recorrente em meus pensamentos ...
O que nos leva à cada escolha importante que fazemos em nossas vidas?
Penso que há um número de fatores, como histórico pessoal - família, relacionamentos. O medo, as expectativas que temos com relação aos outros e as expectativas que criamos para nós mesmos.
Pais autoritários, pais passivos, medo do abandono, medo de traição, medo de fracasso.
Ausências, excessos.

Tudo influencia.

Agora, considerando a minha vida - Uma vida que vive em briga entre razão e emoção - Vejo que as escolhas que realmente fizeram diferença e das quais não me arrependo, foram as escolhas feitas com o meu coração no comando.
Quando saí do mormonismo para poder viver o que eu sou.
Quando assumi um relacionamento e morei junto a primeira vez.
Quando deixei o Brasil para ir atrás de um amor.
Quando deixei empregos promissores.
Quando me lancei ao mar.
Entre outras escolhas que fiz - estas foram decisivas em momentos críticos. Eram momentos em que não havia estabilidade e, mesmo sendo o que eu mais precisava em todas as épocas, escolhi o incerto.
Algumas escolhas tiveram um saldo imediato positivo, outras um saldo imediato negativo, mas todas, à longo prazo, tiveram um resultado positivo, posto que houve aprendizado e sou o que sou hoje ( e muito me orgulho de ser quem sou ) exatamente por estes resultados.

A lógica nos mostra que precisamos de estabilidade - a mais importante - financeira. Mostra-nos que precisamos nos cuidar, fazer nossos pais orgulhosos, ser bons exemplos, progredir em nossas carreiras, preocupar-nos com nós mesmos em primeiro lugar.

E penso... Tudo o que é alcançado, neste sentido, nos traz a tal "estabilidade", mas qual o preço que é pago para tudo isto ser alcançado? E, se a a tal "estabilidade" não te fizer feliz?

Valhe à pena?

E se o coração, ficar insatisfeito ? O que fazer com ele ?
Existe uma maneira de "calar o coração" ?
Existe uma maneira de ignorar quando ele diz que tem saudades?
Existe uma maneira de ignorar quando sua mente diz que você agiu certo e seu coração diz que o certo nem sempre é o melhor para você?

Quantas voltas fora, quantas procuras externas há de se fazer para, finalmente descobrir que o mais importante reside dentro de nós?
Para descobrir que as respostas certas são as honestas, mesmo quando não queremos ouví-las?
Para descobrir que o veradeiro sucesso acontece quando o coração está em paz com o que você diz e com seus atos?

Sei que não é possível ser feliz o tempo inteiro, posto que a vida é feita de momentos.
Mas se você nega a você mesmo estes momentos, o que te sobra?
O que resta para você compartilhar ?
E, com quem você vai compartilhar o que restou ?

Claro, há sempre um alguém - mas é quem você gostaria?

Eu escolho ser feliz.
Mesmo que isto me custe lágrimas mais tarde.
Mesmo que isto me custe desvio de caminhos preparados.
Mesmo que isto me custe dores.
Tenho o hoje para ser feliz.
Não tenho o amanhã para tentar ser feliz.
O amanhã não existe.
O ontem deixou marcas mas também já não existe mais.
Tenho o hoje.
E por isso não tenho medo de dizer um "te amo".
Não tenho medo de ouvir o que não gostaria de ouvir.
Só tenho medo de sabotar meus momentos felizes.
Só tenho medo de me arrepender de escolhas feitas baseadas numa "lógica que muitas vezes não é coerente com o que tenho de mais sagrado" - meu próprio coração.

Tuesday, September 13, 2011

Certezas ( parte I )

Tenho tentado ter certezas durante toda minha vida.
Aquilo que alguns chamam de tranquilidade, estabilidade.

Mas parece-me que a vida real, o dia-a-dia, é nada mais que um conjunto de incertezas. Embora tudo esteja conectado, tudo depende de uma reação às nossas ações, e reações nossas às ações dos que nos cercam.

Ou apenas reações às situações em que a vida nos coloca.

O direito de escolha, o livre-arbítrio ... O equilíbrio entre razão e emoção, entre deveres assumidos, planos feitos e eventos inexperados... Isso tudo é complicado de administrar.

Tantas vezes planejei e minha vida deu reviravoltas incríveis. E tudo o que havia planejado foi por água abaixo e tive que me reestruturar, recomeçar, aprender a sonhar novamente e ter forças para acreditar nos sonhos e mais força ainda para fazê-los reais.

Aliás, isso é algo que me surpreende : minha capacidade de me reestruturar, de recomeçar. Minha cabeça tantas vezes fica tão perdida, tão confusa, parece realmente não haver saída... E algo me empurra e me apego à crença que tudo vai dar certo, que há uma força que me guia e cuida de mim - e então, em passos pequenos, vou me estabilizando e as coisas vão se encaixando.

É o saber que há coisas que temos que passar, a aceitação, a coragem para não fugir dos próprios demônios. É o saber que a única maneira de sair de uma situação é passar por ela, e saber disso te faz parar e pensar qual a melhor maneira de passar por tal situação e sair com algum tipo de benefício intelectual, emocional, moral.

Mesmo quando pensamos que perdemos, há tantos ganhos... Talvez o que pensamos que queríamos não seja o melhor e descobrimos mais tarde que o que a vida nos apresenta pode vir a ser o melhor para nós.

É requerido algo complicado nos dias de hoje : fé em uma força superior, crença em sonhos e uma capacidade de lembrar-se, reconhecer e sentir tuas bases.
Fé - acreditar em algo que não se vê, mas que você sente e te dá forças.
Crença em sonhos - Sonhar não ocupa espaço e temos apenas duas possibilidades - os sonhos podem ou não acontecer. De qualquer maneira, se não tentamos, nunca sabemos.
Lembrar-se, reconhecer e sentir tuas bases - Tudo aquilo que aprendemos de nossos pais - Embora eles não sejam perfeitos, nos ensinaram os valores de família, de respeito próprio, de respeito mútuo, de amor, de perseverança, honestidade, de compartilhar, de doar-se, de não desistir... Procurar lá dentro, no íntimo, o que há de melhor em nós e deixar isto brilhar em nosso espírito.
Diariamente.
Diante das escolhas que temos perante nós.

Mesmo para aqueles, que como eu, são vulcões de emoções e para quem muitas vezes parece não haver escolha, pois nossos corações nos governam - há sempre de se ter esperança e confiança de que, há uma razão para tudo, que nada é por acaso, e que se procurarmos em nosso íntimo, sendo honestos com nós mesmos, encontraremos sempre a respostas para as inquietações.

Podem nem sempre ser as respostas mais lógicas. Podem nem ser as respostas que gostaríamos.
Mas são as respostas que nos darão paz na alma.


( Pôr do Sol - Fernando de Noronha, Maio 2011)