Tuesday, June 28, 2016

Deixa eu contar algo sobre mim:

Quando eu era criança, por volta dos 5 anos, eu tinha um senso bem forte que eu era um ser, e que tinha escolhas e que estas escolhas tinham consequências. Eu fui moldado no sentido de fazer as coisas corretamente, para "não dar errado na vida", e consequentemente ficar sozinho - minha mãe me falou isso certa vez - "se você for crescer para fazer coisas erradas, eu vou sumir; você já não tem pai, seus irmãos foram embora e eu irei também".
Eu fiquei com muito medo. Um medo absurdo de ficar sozinho no mundo.
Imagine, uma criança sozinha.
Talvez o pior, além de ficar sozinho, era ficar sem minha mãe. Afinal, ela era tudo o que eu tinha.
Eu cresci me cobrando um comportamento exemplar. Cresci rígido. Eu coloquei essa condição sobre mim.
Hoje, aos 33 anos, claro que já dei umas enlouquecidas, fiz bastante coisas nada "exemplares". E, pensei eu, havia me libertado do peso de ser meu próprio vigilante, meu próprio policial.
Até que recentemente, ao ouvir de alguns amigos que sou "muito contido, muito rígido", comecei a me questionar.
Eu sou realmente assim e não sei ser de outra maneira. E não sei ao certo se gostaria de ser de outra maneira. Eu acho legal quem é extrovertido, acho legal quem é leve. Mas eu não sou assim.
Gosto de me manter sob controle, até porque eu não sei o que poderia acontecer se assim não fosse.
Eu não consigo ver tanta graça onde tantos veem. Não que eu não veja graça, só meu humor que é diferente.
Eu gosto de balada sim, gosto de beber sim. Mas eu viajei tanto, fui em tantas baladas, bebi tantas coisas diferentes, que não é tudo que eu tenho à disposição agora que acho legal. E eu valorizo minha cama, meus filmes, meus cães, minhas músicas, e meu tempo sozinho.
A gente tem que sorrir quando não quer estar sorrindo, tem que segurar os nossos desequilíbrios emocionais para que o outro possa se desequilibrar e contar com a gente. Tem que ouvir reclamação, tem que conversar quando o assunto não interessa - tudo isso para fazer o outro menos solitário. Então, quando tenho a oportunidade de ficar em silêncio, de não ouvir e de não falar, eu quero aproveitar.
Quero aproveitar a chance de ter meus ouvidos para mim, de não sorrir, de ser melancólico se eu quiser.
Quero poder ouvir Enya e ao mesmo tempo poder mandar tomar no cú quem vier me dizer que não posso ficar triste. Eu posso sim.
Às vezes nem estou triste, só não estou peidando arco-íris por aí.
Além disso, outro fato que gostaria que as pessoas levassem em consideração, é que sou bipolar tipo 2, e não tomo medicação há uns 2 anos. Para quem não sabe, o bipolar alterna entre estados de euforia e disforia, ou seja, ou está fazendo tudo demais - falando demais, comendo demais, transando demais, gastando demais - ou está fazendo tudo de menos, falando menos, comendo menos, transando menos, e por aí vai. Eu tenho aprendido a reconhecer meus sintomas e a lidar com eles sem medicação, e tenho ido bem até. Mas algumas vezes os episódios maníacos ou depressivos vem com mais força, e eu acabo agindo de acordo com o transtorno, embora bem mais levemente.
Então, juntando minha personalidade "contida, rígida" desde sempre, com a melancolia que sempre tive, com o transtorno, com as pressões do dia a dia, resulta esse Paco, que não está pedindo a sua fórmula da felicidade, que não está desesperado pra casar, que está cagando se você acha que ele precisa ir pra balada ou que precisa do que você acha que é diversão. Sei que as intenções são boas, mas tentem lembrar que cada um é cada um, e o que funciona pra ti, pode não funcionar pra mim. E se eu tiver tão capenga assim, me dá chocolate que garanto que te mostro todos os dentes num sorriso bem grandão.<3 br="">

Friday, June 24, 2016

Eu gostaria de uma pausa. Que o mundo se calasse por um tempo. Que eu pudesse me calar por um tempo. Que a imagem congelasse, que as línguas travassem, que as mãos não levantassem.
Não quero morrer e nem deixar de existir.
Nem quero que morram ou deixem de existir.
Quero uma pausa.