Thursday, September 30, 2010

Boina / Adeus.


Quando você se foi, tudo quebrou.
Aquela estrutura, que levávamos a trancos e barrancos
Aquilo que alguns chamam de família
Aquilo que outros chamam de fardo
Aquilo que alguns chamam de benção.

Quando você se foi, senti alívio.
Você não sofreria mais
Preso em sua mente,
E nós do lado de fora.

Quando você se foi, o nada me alterou.
O que seria mais aquela partida,
Logo você, que partira tantas outras vezes.
E com o tempo agora percebo que tu não voltas.

Voltei para esta cidade, onde vivemos por mais tempo.
Vi o rio onde costumavas pescar,
E caminhei por ruas onde costumavas andar,
Fui até a casa onde moramos e vi o jardim que tu trabalhou tantos dias,
Sem uma flor, ou qualquer outro sinal de que um dia estivestes ali.

Fui até a praia não sei quantas vezes e não te encontrei.
Fui ao restaurante que gostavas, e não te vi pelas mesas.
Vi os bancos da praça, vazios e sem sentido.
E aquela montanha, que tu tanto admirava...
Continua por lá, e ela me diz que tu não voltas.

Semana passada perdi aquela boina que era tua.
A boina que carreguei comigo em tantas viagens,
Para tantos lugares que eu quis te mostrar.
Pai perdi sua boina, me desculpe.
E Pai, perdi a vontade de te encontrar aqui por perto.

Nada aqui faz mais sentido,
Aquela estrutura realmente se quebrou.
E eu não vou te encontrar aqui ou em qualquer outro lugar.
Então não tenho um motivo para aqui ficar.




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